Distribuidora envolvida na apreensão é a mesma que fornece combustíveis para o posto que tem ligações com a famosa Operação Lava-Jato
EXCLUSIVO – Na operação do último final de semana, chamou a atenção da fiscalização a apreensão de um caminhão bi-trem, da distribuidora Larco, vindo de Goiânia pela BR-060, com 150 mil litros de etanol hidratado – e sem nota fiscal.
“Brasilianas” apurou que a Ouvidoria do Ministério Público do DF já havia recebido denúncia sobre o trajeto de cargas desse tipo. Isso porque ela repetiria uma situação que havia chamado anteriormente a atenção dos fiscais, segundo as denúncias em apuração no MP: a entrega seria feita no Posto Wave, situado na Quadra 505 do Setor Noroeste.
O posto exibe a marca da Larco Petróleo como distribuidora – ela é uma empresa baiana, que existe há 24 anos, com atuação em Goiás desde 2016. No DF, ela montou uma base operacional do SIA, em 2023.

Ligação com a Lava-Jato
E por que essa carga chamou a atenção nas denúncias feitas ao MP? Porque este posto está revendendo combustível, sobretudo etanol, por um preço muito abaixo dos demais concorrentes do DF. E mais um detalhe: ele seria de propriedade do doleiro Carlos Habib Chater, o mesmo que foi dono do Posto da Torre, o ponto de partida para a famosa “Operação Lava Jato”, em março de 2014.
Segundo a apuração em curso no MP, o posto está registrado em nome de um dos filhos de Chater (e que nem mora no Brasil) e estaria repetindo as mesmas práticas do Posto da Torre: sonegando impostos e lavando dinheiro.
A Agência Nacional de Petróleo (ANP), que fiscaliza a operação de postos no Brasil, baniu o nome de Chater e o impede de ter outras revendas de combustíveis no país. Por isso, o nome dele não apareceria como titular. O MP avalia se caracterizaria “uso de laranja” para encobrir a operação vedada pela agência.
À “Brasilianas”, um dos fiscais envolvidos na operação fez as contas: o imposto sobre o etanol para veículos no DF corresponde a R$ 0,59 de ICMS e R$ 0,20 de PIS/COFINS no preço final da bomba. Ou seja, nesta apreensão, o “lucro” seria de R$ 118,500,00 – apenas com a sonegação fiscal.
O que tem chamado a atenção ao MP, segundo apuração de “Brasilianas”, é que a metodologia usada neste esquema é o mesmo que está sendo usado em São Paulo, pelo PCC, que tem usado postos de combustível para lavar dinheiro do crime organizado. E que está assustando os empresários do ramo, que relatam medo de represálias por parte do crime organizado.