Proposta é, com o uso de Inteligência Artificial, a automatizar e acelerar a eficiência na prestação de serviços em áreas como saúde, educação e segurança pública. A capital se torna referência nacional em inovação em gestão pública
Exatamente um ano após ser anunciado, com exclusividade, por “Brasilianas”, o Governo do Distrito Federal (GDF) estruturou o Centro Integrado de Inteligência Artificial (CIIA). O projeto de pesquisa é considerado a primeira infraestrutura de alto desempenho em inteligência artificial (IA) dentro do governo, com o objetivo de automatizar projetos em áreas estratégicas do Executivo local, como saúde, educação e segurança pública.
A proposta é oferecer um espaço compartilhado para órgãos do governo, instituições acadêmicas e setor produtivo, permitindo que pesquisadores, servidores e startups desenvolvam soluções de impacto social. O modelo prevê credenciamento por meio de projetos, avaliados por critérios como relevância para a gestão pública, viabilidade técnica e resultados esperados para a população.
O DF se destaca porque é o único ente federativo do país a contar com um centro integrado de inteligência artificial dentro da própria estrutura governamental, responsável não apenas por traçar diretrizes e orientações sobre o tema, mas também por implementar soluções concretas na prática, em benefício direto da população.
Até agora, já foram investidos cerca de R$ 400 mil em infraestrutura e equipamentos, com previsão de R$ 800 mil até o fim de 2025, e R$ 6 milhões adicionais em dois anos. A expectativa é executar mais de 10 projetos-piloto nos primeiros 12 meses de operação, além de capacitar 300 profissionais e firmar ao menos 15 parcerias formais com universidades, centros de pesquisa e empresas.
A meta central do CIIA é usar a inteligência artificial não apenas para aumentar a eficiência administrativa, mas também para democratizar o acesso a serviços públicos de qualidade. Nos próximos três anos, o objetivo é gerar R$ 15 milhões em economia de recursos, criar mais de 20 startups e colocar em produção pelo menos 30 soluções de IA.
Além dos projetos em andamento, o CIIA já mapeou 20 desafios em secretarias do GDF e disponibilizou 5 mil licenças de capacitação em tecnologia da informação e IA para a população, além de mil licenças específicas para professores.

Ganhos para a população
“Para a população, são inúmeros os benefícios. Primeiro, na questão do treinamento porque conseguimos disponibilizar competências sobre o uso da inteligência artificial por meio de capacitação de educadores e também da população em geral, com cursos oferecidos dentro da plataforma ou no site do CIIA. Além disso, de forma mais pontual, as soluções em desenvolvimento, por exemplo nas áreas de saúde e educação, vão melhorar os serviços públicos, reduzindo o tempo de espera e melhorando o atendimento”, esclareceu o professor da Universidade do DF e coordenador do centro, Ricardo Sampaio.
Na saúde, por exemplo, o sistema RegulaSense reduziu em 60% o tempo de análise de encaminhamentos médicos no SUS, acelerando o acesso de pacientes a consultas e exames. Na educação, um sistema de auditoria inteligente do Cartão PDAF prevê cortar em 70% o tempo de detecção de irregularidades no uso dos recursos. Na segurança, estão em desenvolvimento iniciativas de análise preditiva e otimização de recursos policiais.parceria com universidades públicas e privadas do DF, que entram com o corpo técnico de pesquisadores e alunos no desenvolvimento das soluções.
Também temos parceria com Sebrae, Senai e Senac, que ajudam na capacitação e treinamento para a indústria, o comércio e o empreendedorismo”, acrescentou o professor Ricardo Sampaio.
Criado em maio de 2023, o Centro de Inteligência Artificial do DF se consolidou como centro estratégico da política de IA no governo local. Combinado ao Laboratório Integrado de Inteligência Artificial (LIA) e aos NIAs setoriais, o modelo busca posicionar Brasília como referência em GovTech no Brasil.
“Temos várias iniciativas parecidas no país, mas em termos de centro de inteligência artificial do governo, o DF é pioneiro. Normalmente, as que existem em outros estados estão dentro da academia. Aqui, por ser um centro do governo, conseguimos articular a tríplice hélice: a academia desenvolvendo soluções com sua competência, o governo aplicando diretamente em suas demandas e o setor produtivo sendo apoiado, inclusive com contratações simplificadas. Assim, aumentamos a eficiência da máquina pública e estimulamos o desenvolvimento do ecossistema local”, arrematou o professor Ricardo Sampaio.