Com essa frase, o ex-governador José Roberto Arruda começou a entrevista exclusiva, concedida a “Brasilianas”, logo que soube que os vetos à nova Lei das Inelegibilidades permitem que ele volte a ter seus direitos políticos e a disputar eleições. “Vou voltar às ruas e sentir o que a população quer!”, afirmou
Com um jeito tranquilo, mas com uma euforia transparente, o ex-governador José Roberto Arruda conversou nesta terça-feira com “Brasilianas”. Foi uma das primeiras entrevistas concedidas logo após a publicação, no “Diário Oficial da União”, da nova Lei Complementar 219 de 2025, que foi sancionada pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva na segunda-feira (dia 29 de setembro).
De acordo com as novas regras, agora tornadas lei, Arruda recuperou seus direitos políticos plenos. Pode votar e, principalmente, ser votado. E elas foram reestabelecidas com data retroativa: 9 de julho de 2022 (a explicação jurídica está logo abaixo).
Com isso, o ex-governador está apto a disputar qualquer cargo eletivo em 2026. Mas, embora não queira adiantar muita coisa – “Vou tratar tudo isso com muita calma”, afirmou Arruda – é nítido que ele deseja disputar o cargo de governador do Distrito Federal, o mesmo que ocupou até o dia 16 de março de 2010, quando teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) por infidelidade partidária.
“Vou voltar aos poucos às ruas. Quero sentir o que o brasiliense quer. Mas vou tratar tudo com muita calma, sem pressa”, afirmou Arruda à coluna, ao ser perguntado sobre seus próximos passos. E ao ser questionado de quando ele poderia dar alguma resposta pública a esse “termômetro popular” que pretende aferir, o ex-governador apresentou uma data: “Até o final do ano”.

Recall eleitoral
José Roberto Arruda, até ontem ainda inelegível, e mesmo sem participar das últimas cinco eleições majoritárias realizadas no DF, mantém um recall (uma memória do eleitor) e sempre aparece muito bem pontuado nas pesquisas eleitorais, naquelas espontâneas, em que o eleitor é questionado em quem votaria para governador nas próximas eleições sem que lhe seja apresentada uma lista prévia de possíveis candidatos. Arruda aparece até com 15% das intenções de voto, disparado em segundo lugar. Em primeiro, surge a vice-governadora Celina Leão (PP), com cerca de 30%.
Na conversa com “Brasilianas”, Arruda não quis entrar em detalhes sobre o seu futuro político-partidário. “Há muitas nuances que têm de ser avaliadas”, sentenciou. Desde 2013 Arruda é filiado ao PL, partido que tem como homem-forte o presidente nacional da legenda, Valdemar da Costa Neto.
Semana passada, numa conversa provocada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), Valdemar teria prometido a Ibaneis que Arruda não seria, de forma alguma, candidato a governador pelo PL. “Se ele tiver juízo, será candidato a deputado federal”, afirmou.
O anúncio de Valdemar pegou de surpresa a bancada do PL no DF. O deputado federal Alberto Fraga, que tem cinco mandatos, esbravejou no Plenário da Câmara dos Deputados. “O fato é que o ex-governador Arruda está crescendo muito nas pesquisas, e isto está incomodando. Hoje, ele já e o segundo lugar, isso sem anunciar sua candidatura. Então é bem provável que o PL tenha um candidato competitivo ao governo. E isso deve estar incomodando as pessoas”, disse Fraga.