Terceira fase da operação aponta suspeita de corrupção e tráfico de influência
Governador Ibaneis exonera Nino, coronel Nelson Pires e 14 seguranças
A terceira fase da Operação Escudero, deflagrada na última quinta-feira (13/11), trouxe à tona indícios de um possível esquema de corrupção envolvendo contratos milionários para fornecimento de alimentos a pacientes da rede pública de saúde do Distrito Federal, sob gestão do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (IGES-DF).
A investigação, conduzida pela Polícia Civil do DF (PCDF) e pelo Ministério Público (MPDFT), apura suspeitas de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
As medidas judiciais incluíram quatro mandados de busca e apreensão em residências e na Casa Militar, no Palácio do Buriti, além do sequestro de dois imóveis. Foram recolhidos documentos, celulares e equipamentos eletrônicos para aprofundar as provas e identificar novos envolvidos.
Exoneração do assessor especial
Entre os principais nomes citados está Olegário Oliveira de Moraes, conhecido como “Nino”, assessor especial do governador Ibaneis Rocha (MDB). Ex-policial civil aposentado, Nino ocupava o cargo CNE-02, com salário de R$ 15.653,00, e é apontado como peça-chave no grupo investigado.
Ele mantinha proximidade com Ibaneis havia mais de 20 anos, com acesso direto ao Gabinete do Governador e influência na Casa Militar, onde, segundo denúncias, atuava como se fosse chefe do setor.
Logo após a operação, Ibaneis Rocha declarou confiar na integridade de Nino: “O conheço desde a época da OAB. É uma pessoa de minha extrema confiança”. No entanto, o clima no Palácio do Buriti era de apreensão quanto ao conteúdo dos documentos e celulares apreendidos.
Nesta segunda-feira (17/11), no entanto, Ibaneis exonerou Nino do cargo de assessor especial. Além disso, o governador demitiu o chefe da Casa Militar, coronel Nelson Pires Filho, e 14 militares que atuavam como seguranças pessoais.
As medidas indicam uma tentativa de conter a crise política e institucional gerada pela investigação.

Visita desagradou Ibaneis
Notas publicadas no Instagram relatam que o governador Ibaneis Rocha ficou bastante irritado por uma visita de “Nino”, sem agendamento, à sua casa, no último sábado.
Segundo relatos – que foram confirmados por fonte à “Brasilianas”, Ibaneis estava com o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, e o delegado-geral da Polícia Civil do DF, José Werick de Carvalho — os dois são responsáveis por áreas que estão envolvidas com a Operação Escudero.
Sem meias palavras, Ibaneis teria determinado que “Nino” fosse embora de sua casa. Dois dias depois, publicou a sua exoneração.

O que está em apuração
O MP e a Polícia Civil estão investigando contratos que somam mais de R$ 300 milhões destinados à alimentação hospitalar, que teriam favorecido a empresa Salutar Alimentação e Serviços Ltda.
Segundo a investigação, os repasses do IGES-DF teriam sido direcionados a empresas sem comprovação da execução dos serviços.
São investigados os crimes investigados de corrupção, tráfico de influência, lavagem de capitais e organização criminosa.
O caso expõe suspeitas de conluio entre agentes políticos e empresários, envolvendo contratos milionários e estruturas estratégicas do governo. A apuração segue sob sigilo, mas os desdobramentos já impactam diretamente o núcleo próximo ao governador.
As medidas judiciais incluíram quatro mandados de busca e apreensão em residências e na Casa Militar, no Palácio do Buriti, além do sequestro de dois imóveis. Foram recolhidos documentos, celulares e equipamentos eletrônicos para aprofundar as provas e identificar novos envolvidos.
Além de “Nino”, outro nome envolvido é Francisco Araújo, ex-secretário de Saúde do DF e ex-presidente do IGES-DF, ambos cargos ocupados por indicação do governador Ibaneis Rocha.