A deflagração da terceira fase da Operação Escudero, nesta quinta-feira (13/11), marca um avanço significativo na apuração de irregularidades envolvendo contratos milionários para fornecimento de alimentos a pacientes da rede pública de saúde, sob gestão do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGESDF).
O caso, que começou com indícios de superfaturamento e serviços não prestados em agosto do ano passado, agora aponta para um possível esquema estruturado para desviar recursos públicos com participação de agentes políticos de alto escalão.
O que está em apuração
. Valor dos contratos: estimado em mais de R$ 300 milhões destinados à alimentação hospitalar.
. Modus operandi: repasses ao IGES-DF que, segundo as investigações, eram direcionados a empresas sem comprovação da execução dos serviços.
. Crimes investigados: tráfico de influência, corrupção, lavagem de capitais e organização criminosa.
Ontem, as medidas judiciais cumpridas foram quatro de busca e apreensão em residências e na Casa Militar, no Palácio do Buriti, e dois de sequestro de bens imóveis. As diligências foram cumpridas com a participação de equipes da PCDF e do MPDFT, e teve por objetivo colher elementos a fim de robustecer a prova dos crimes já identificados, bem como identificar possíveis outros participantes do esquema de corrupção.
Amigo de Ibaneis há 20 anos
Embora a apuração prossiga em sigilo de Justiça, “Brasilianas” apurou que entre os alvos dos mandados de ontem está Olegário Oliveira de Moraes, conhecido como “Nino”, apontado como peça-chave do grupo.
A ação de ontem recolheu documentos, celulares e equipamentos eletrônicos considerados cruciais para desvendar possíveis relações indevidas entre Judiciário e Executivo, especialmente na Casa Militar.
“Nino”, ex-policial civil aposentado, é assessor especial CNE-02, lotado no Gabinete do governador Ibaneis Rocha (MDB), com salário de R$ 15.653,00. Ele trabalha com Ibaneis há mais de 20 anos.
Tal proximidade já foi objeto de denúncias de abuso de autoridade. Com sala montada dentro da Casa Militar, direito a mesa de comando e acesso direto ao governador, Nino atua como se fosse o verdadeiro chefe do setor.
“Coronéis batem continência, despacham com ele e, na prática, cumprem determinações de quem não tem patente, farda ou prerrogativa legal para exercer autoridade sobre a tropa”, relata trecho da denúncia, publicada no Instagram.
“Confio na integridade dele”, afirma Ibaneis
Habituê do cotidiano e da casa de Ibaneis Rocha e da primeira-dama Maiara Noronha Rocha (foi ele quem arrumou as Ferrari branca e vermelha que ela pilotou, sem capacete, no autódromo – revelado anteontem por “Brasilianas”), “Nino” almoçou ontem com o governador na residência dele, no Lago Sul, poucas horas após a operação policial. Ibaneis não foi ao Palácio do Buriti, ontem.
Ontem, no Buriti, o clima era de receio sobre o que será identificado no celular e nos documentos em posse do assessor de Ibaneis.
Em nota enviada à imprensa, o governador Ibaneis Rocha disse que confia na integridade de Nino. “O conheço desde a época da OAB. É uma pessoa de minha extrema confiança, e eu confio na integridade dele”, declarou. Sobre a operação, o emedebista afirmou que aguarda ter conhecimento do processo para comentá-lo.
Outro nome envolvido na operação é o do ex-secretário de Saúde do DF e ex-presidente do Iges-DF, Francisco Araújo. Ele foi nomeado por Ibaneis Rocha para os dois cargos.