A ousadia desta vez chamou a atenção do IPHAN, que determinou a retirada imediata da traquitana, instalada no teto do Teatro Nacional de Brasília
Duraram algumas horas a (nova) tentativa do Metrópoles Digital de instalar um novo painel gigantesco de LED, destes que infestam e emporcalham a cidade. Desta vez, a ousadia foi maior e a traquitana foi instalada no teto do Teatro Nacional de Brasília, que é tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
“ABSURDO!”, esbravejou pelo Instagram, com todas as letras em caixa alta, o deputado distrital Gabriel Magno (PT). “Estão instalando um painel de LED sobre o Teatro Nacional, um dos maiores símbolos da nossa cultura, tombado e protegido por lei”, denunciou o distrital, na quinta-feira.
Gabriel Magno acionou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e também oficiou a Secretaria de Cultura, para cobrar explicações e exigir a retirada imediata da estrutura. “Ela fere o tombamento e desrespeita o patrimônio histórico e cultural de Brasília”.
Na sexta-feira, o presidente do Iphan Nacional, Leandro Grass – também do PT e pré-candidato do partido ao GDF – disse (também pelo Instagram) que orientou os organizadores e comunicou a decisão de retirada.
O painel faz parte das intervenções feitas pelo Metrópoles para viabilizar um evento de moda em parte do Teatro Nacional – especialmente no Foyer da Sala Villa Lobos, ainda fechada, aguardando reforma.

Parceria sob investigação
O chamado “Metropoles Catwalk” (que numa tradução livre, seria passarela de desfile) pretende exibir desfiles de estilistas da cidade e convidados. No próprio site que divulga o evento, a organização afirma que o evento foi “realizado pelo Instituto Inbras, em parceria com o Metrópoles e com apoio da Secretaria de Turismo, Banco BRB, Secretaria de Cultura do Distrito Federal e Senai/Sindivest”.
“Brasilianas” obteve cópia do projeto do evento, que obteve R$ 1.100.000,00 (um milhão e cem mil reais) da Secretaria da Turismo. O Instituto Inbras (Instituto de Desenvolvimento Social Brasileiro) está sob investigação do Ministério Público de Contas, porque em poucos meses recebeu mais de R$ 11 milhões da Secretaria de Turismo do DF para eventos que não tem correlação com a atividade-fim da pasta.
O Inbras recebeu todos os recursos de emendas parlamentares e funciona num galpão, sem funcionários, no Paranoá. O MP de Contas quer saber porque o instituto foi o escolhido para receber esse grande volume de recursos públicos, para atuações tão distintas entre si, e em tão pouco prazo.
A Secretaria de Turismo foi notificada pelo Tribunal de Contas do DF e terá de apresentar justificativas do porquê em nenhum dos eventos fez a prestação de contas.