O inovador Índice de Sustentabilidade Urbana (ISU) mede 9 indicadores ambientais e trouxe dados que constatam o que já se sabia: as 17 Regiões Administrativas com renda domiciliar mais alta, como o Sudoeste, têm excelentes índices. Já em outras 13, como o Sol Nascente/Por do Sol, com renda baixa, os índices são regulares
O Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPE-DF) divulgou na semana passada os dados do inovador Índice de Sustentabilidade Ambiental Urbana do DF, também chamado de ISU/DF. A metodologia da pesquisa é inédita e pode ser aplicada em outros municípios do Brasil.
O estudo permite que, por meio de nove indicadores, a sustentabilidade das 35 regiões administrativas (RAs) da capital federal seja medida e avaliada.
Os indicadores considerados são: áreas verdes, área verde em recarga de aquífero, evapotranspiração, consumo de água por habitante, potencial de infiltração, proporção de área com resistência à erosão, temperatura, casos de dengue e pegada de carbono.
O índice também utiliza dados de satélite e informações oficiais do governo. Todos os resultados são convertidos em uma escala de zero a um, para facilitar a comparação: quanto mais próximo de 1, melhor é a sustentabilidade ambiental da região em relação ao que o indicador mede.
A partir desse estudo, O ISU médio do DF é de 0,72 (para o período estudado de 2019-2022).
Também a partir desse levantamento, é possível verificar que é muito baixa a cobertura vegetal em todo o DF (áreas verdes na ocupação urbana têm média de apenas 0,54 e, por consequência, baixo índice de evapotranspiração (0,56).

Ranking demonstra extremos
O levantamento apontou as regiões com melhor desempenho em sustentabilidade ambiental urbana: Sudoeste/Octogonal e o Plano Piloto aparecem com os maiores índices (0,84). Localizadas no Conjunto Urbanístico de Brasília (CUB), ambas são cidades planejadas: a primeira RA quando Lúcio Costa apresentou o estudo “Brasília Revisitada”, nos anos 1980, e a capital projetada pelo urbanista em 1956.
Logo após aparecem Núcleo Bandeirante e Guará, classificadas com excelente desempenho. Em seguida, vem o Park Way, com uma boa avaliação. Ao todo, 17 regiões do DF são consideradas boas, o que corresponde a mais da metade do território.
Já as duas regiões com piores desempenho, o SCIA/Estrutural (0,61) e o Sol Nascente/Pôr do Sol (0,63), se desenvolveram sem planejamento urbano e ambiental. A Estrutural nasceu a partir do antigo “Lixão da Estrutural” e o Sol Nascente é resultado de um parcelamento urbano irregular – que chegou a ganhar o título de segunda maior favela do país.


Índice será medido a cada quatro anos
Por ser um índice atualizado a cada quatro anos, o ponto de partida precisava ser uma data de início da gestão do governo. Os dados apresentados pelo IPE-DF são referentes a 2022. A ideia é acompanhar a evolução até 2026, observando como as ações do governo e da população impactam a sustentabilidade das RAs ao longo do tempo.
O diretor-presidente do IPEDF, Manoel Clementino, afirma que a iniciativa do estudo contribui para a criação de políticas públicas e para a melhoria das questões ambientais na capital.
“Um dos grandes temas da nossa década está relacionado às emergências climáticas. Um tema que parecia distante no passado hoje é uma realidade, com eventos extremos da natureza interferindo cada vez mais na vida das pessoas. Nesse sentido, um dos grandes blocos de trabalho do Instituto está voltado aos estudos ambientais. Esta é uma das muitas iniciativas que desenvolvemos no IPEDF e que permite ao gestor público embasar suas políticas e ações para melhorar a questão ambiental em nossa cidade e em nosso território”, destacou.

Já o diretor de Estudos e Políticas Ambientais e Territoriais do IPEDF, Werner Vieira, ressalta que os resultados do ISU/DF refletem um trabalho coletivo da população e do governo.
“É preciso manter o monitoramento contínuo dos indicadores para avaliar a eficácia das ações e garantir um futuro mais verde para o DF. A população deve ser a grande parceira do governo, compreendendo que seus hábitos cotidianos têm impacto direto no meio ambiente. Pequenas atitudes, como a redução do consumo de água e energia, fazem a diferença. Precisamos abraçar a cidadania ambiental, entendendo que a sustentabilidade começa em cada um de nós. O futuro do Distrito Federal está em nossas mãos. Juntos, podemos construir uma cidade mais sustentável, resiliente e agradável para todos”, afirmou.