Polícia Civil do DF esconde identidade do atropelador, que matou 12 animais e fugiu. Dois sobreviventes estão no Hospital e Centro de Reabilitação da Fauna Silvestre do DF
Os dois filhotes de capivara que sobreviveram ao atropelamento coletivo de 14 espécimes seguem em tratamento no Hospital e Centro de Reabilitação da Fauna Silvestre do Distrito Federal (Hfaus). A cena do carro atropelando a manada no Lago Sul, na quinta-feira (10), chocou o Distrito Federal. Doze capivaras morreram. O autor do atropelamento, que foi embora sem prestar socorro, já foi identificado, mas a Polícia Civil não divulga o nome do atropelador.
“Brasilianas” até tentou saber quem é o criminoso. Esta história lembra muito uma história vivida no DF em 1996, quando o filho do então ministro dos Transportes, Odacir Klein, do PMDB, que atropelou e matou um pedreiro no Lago Norte. Ele e o pai (que tinham saído de um churrasco e bebido) fugiram sem prestar socorro.
Este colunista acompanhou de perto aquela história, que – por razões obvias – também foi acobertada pelas autoridades, à época. Neste caso das capivaras, tem muito sigilo envolvendo esse crime ambiental, que levanta suspeitas sobre sua autoria e seu nível de Q.I. (no caso, de Quem Indicou).

Voltemos aos animais sobreviventes. O animal autor do crime será revelado, oportunamente.
Segundo o coordenador do Hfaus, o biólogo Thiago Marques, as duas capivaras chegaram em estado grave, uma delas com sintomas de traumatismo cranioencefálico, desidratação e baixa temperatura, além de baixa de pressão. “A gente está em ponto de atendimento, e ela está com medicação para dor, medicação para as lesões, passou por exame de ultrassom. A gente ainda está tentando estabilizar o quadro dela”, conta.
O biólogo explica que, após o tratamento e em caso de alta, os animais serão encaminhados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), vinculado ao Ibama. “Lá elas passam por uma nova avaliação para aferir se cada uma delas tem condições locomotoras, se está se alimentando corretamente. No caso delas, que são animais gregários [que vivem em grupos ou bandos] também será avaliado se estão em condições de viver em grupo”, enumera. “Caso esses animais não tenham condições de sobreviver na natureza, o Ibama os encaminha”.

Atropelamento e omissão
Atropelar um animal silvestre e não prestar socorro é considerado omissão e pode trazer consequências. A Lei nº 7.283, sancionada em julho de 2023 pela então governadora em exercício Celina Leão dispõe sobre a obrigatoriedade da prestação de socorro aos animais atropelados no DF. Segundo a lei, todo motorista, motociclista ou ciclista que atropelar qualquer animal, nas vias públicas do Distrito Federal, está obrigado a prestar socorro imediatamente. O descumprimento da lei pode resultar no pagamento de multa de R$ 1 mil.
De acordo com a porta-voz do Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Distrito Federal, tenente Thays Gonçalves, a população precisa ter consciência de que é preciso avisar às autoridades quando acontecem casos de atropelamento. “Caso a pessoa se depare com um acidente ou a própria pessoa o tenha causado ferindo um animal, silvestre ou não, ela deve ligar no 190 que é o número da Polícia Militar. Esse número está disponível 24 horas, 7 dias por semana, todos os dias, sem exceção. A pessoa também pode ligar no 193, que é o Corpo de Bombeiros”, explica.
A tenente ainda destaca que o chamado pode mudar o destino dos animais ou evitar sofrimento. “No caso dessas capivaras, a gente acredita que se o motorista tivesse acionado socorro antes, a gente teria conseguido salvar mais animais”, disse.
Se alguém atropelar ou encontrar um animal silvestre ferido na estrada deve parar em local seguro, sinalizar a via para evitar outros acidentes e acionar imediatamente os órgãos competentes: 190 (Polícia Militar); 193 (Corpo de Bombeiros); Brasília Ambiental: (61) 3214-5637; e Linha Verde do IBAMA: 0800-61-8080.